domingo, 23 de novembro de 2008

Falando de amor


É difícil encontrar alguém que goste de filosofar... Conversar e pensar sobre os assuntos da vida e do coração, do eu, da falta de razão, sem a obrigação de se chegar a conclusões, novos paradigmas, ou até quem saiba a cura pra alguma mazela.

Encontrei até aqui poucas pessoas que me permitem este exercício, este prazer de meditar sobre o simples ou o inexplicável.

Semana passada estava conversando com uma amiga assuntos de amor ("amiga" por minha conta, pois ela diz que pra ser amiga se é preciso muito) - ainda não filosofamos sobre o quê.

Falávamos de amor.

Amor que é encontro, às vezes frio na barriga, arrepio no pescoço. Amor que é juntar as contas e espremer o dinheiro pra que ele chegue até o famoso dia 30.

Mas não é retilínio esse tal amor.
Constroe-se a vida baseada nele: casa, finanças em contas conjuntas,filhos que desfrutem da companhia "full"dos pais.
Dividi-se o carro, a cama, o cobertor, a geladeira ,os livros e os melhores cds (e você nunca saberá quem os arranhou)....

É a prática do amor!!!! Ele encarnado!!!! Sendo experimentado além das palavras e das músicas!!!!

Mas num dia: após 19 anos de casada a mulher descobre, TOTALMENTE AO ACASO, que seu cônjuge há um ano constituiu outra família.... continua em casa.... aparentemente tudo como antes.... antes???? (encontrei essa mulher na sala de espera do consultório, ela é de carne e osso).

Ou a minha avó paterna que se separou aos 93 anos de idade ( portanto mais de 70 de casamento) e quando estava com 98 anos, poucos dias antes de sua morte, implorava para ver o meu avó, que não cedeu aos seus apelos, e a companheira de toda vida partiu sem ver o rosto decorado na existência?

Ou a jovem de casamento marcado que descobre que o noivo tem um filho que irá nascer há poucos dias antes da cerimônia?

Todas histórias reais de gente que conheço...

Tenho 14 anos de casada e 17 de convivência (metade da minha existência de 34).


As circunstâncias fazem diferença, mas talvez não tanto quanto o modo como reagiremos a elas.
Afinal de contas, se fosse assim o Leonardo de Caprio não trairía a Gisele (padrão da beleza mundial) ou os Trump (família riquíssima dos EUA) não se separariam já que a crise financeira não bate à porta.
Digo eu e a Bíblia "o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta..." (I Co 13).

Na prática o sinônimo poderia ser calvário (QUE DRAMA).... rsrsrsrsrs
Mas às vezes como Djavan somos obrigados a dizer: "Sabe lá? o que é não ter e ter que ter pra dar? Sabe lá?"

Amar é optar !!!!

Acordar, abrir os olhos e decidir pelo objeto do amor.

Escolher construir uma história que dure um pouco mais que uma edição de CARAS.

Olhar o outro e ver nele um pouco de nossas mazelas, necessiddades de auto-afirmação e rejeições.

Saber que SOMOS HUMANOS DEMAIS..... e erramos bem mais que gostaríamos...

Falando de amor: às vezes cantamos como Tom e Vinícius... às vezes xingamos como as ex dos jogadores de futebol.


2 comentários:

Anônimo disse...

Que texto maravilhoso!!!!

Anônimo disse...

Alguém leu! E assim se inicia o comentário. Vamos falar do olhar? Do ponto de vista? Da sutil difença... onde as mesmas duas palavras, pontuadas (uma com o quada-chuva aberto, outra com o guarda-chuva fechado)se fazem pergunta e resposta... São problema e solução... São amor e tormenta.
É assim que começa o meu domingo. Feliz por ler palavras de pessoas que pensam (qdo em vez)como eu. E assim, quem sabe num devaneio, venhamos a tornarmo-nos amigas... Mas como escreve a Ana do texto, sobre (quem sabe?)uma outra Ana, que diz que, há de ter tempo... possa eu ser a mescla dos dois pensamentos e tornar-me apenas cúmplice, pois assim, já não se envolve o tempo.
ps.amei a referência ao "drama", citando assim, Mário Quintana! rsrsr...